17 março 2010

 

Suas Eminências

Há umas certas eminências em Portugal que proclamam constantemente a necessidade de fortes medidas de contenção e austeridade. O PEC está nessa linha, mas as medidas, para muitas dessas eminências, ainda são escassas. Seria preciso ir mais fundo e mais longe. Porém, essas eminências pregam escudadas na largueza confortável dos seus rendimentos. Implicitamente tomam-se como talentos, cuja preciosidade e excepcionalidade tem de ser avaliada segundo os altos padrões de que se julgam credoras. Quando desbobinam as suas teorias, pressente-se uma zona de sombra ou de confusa explicação. Solicitadas a concretizarem certos pontos nebulosos, acaba-se por se perceber as suas opções, por entre contorcionismos verbais. Uma coisa é certa: essas opções põem sempre a salvo, com vários subterfúgios, as suas opulentas benesses em empresas públicas, que acrescem aos seus escandalosos vencimentos, os quais somam mais, num ano, do que o vencimento de uma vida inteira de um trabalhador normal por conta de outrem. E para elas não é lícito mudar as regras do jogo “a meio do campeonato”. Para além disso, é preciso não assustar os investidores. E não afugentar os talentos para países onde há menor carga fiscal. (Vejam-se as declarações de Eduardo Catroga no telejornal do Canal 2 de segunda-feira passada). Por conseguinte, por exclusão de partes, já se sabe quem são as pessoas e classes fadadas para aguentarem com os sacrifícios da crise.





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