17 junho 2010

 

Um domingo sangrento há 38 anos

Finalmente, o governo inglês reconheceu, com base num novo inquérito, que em (London)Derry no dia 30 de Janeiro de 1972 o exército massacrou 14 pessoas desarmadas.
A luta contra o IRA foi conduzida pelos sucessivos governos ingleses por meios sujos, recorrendo a toda a espécie de arbitrariedades e violências, entre as quais a tortura de prisioneiros, a invenção de provas para os condenar pesadamente, o fabrico de inquéritos notoriamente falsos para justificar as ilegalidades e arbitrariedades.
Tudo isto aconteceu numa democracia. Também em França, outra democracia, aconteceu o mesmo, mais ou menos o mesmo, quando da guerra da Argélia.
A lição é que mesmo em democracia não se está ao abrigo do abuso de poder, da violência estatal arbitrária, da manipulação da verdade por parte das autoridades para justificar abusos e arbitrariedades.
Às vezes a verdade chega 38 anos depois, outras vezes possivelmente nem chega.
Mas outra lição se pode retirar: lutar pela verdade, não propriamente pela vingança mas pela crueza da verdade, ainda que tardia, valerá sempre a pena, ainda que os resultados sejam incertos.
Claro que este inquérito e esta verdade só se tornou possível porque o conflito está hoje muito esbatido na Irlanda do Norte.
Ainda assim, a verdade é sempre a verdade. Só sobre ela pode assentar a paz, a paz duradoura.





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