06 novembro 2010

 

O Outro descafeinado

Ainda de Slavov Zizek, do mesmo artigo –“Barbárie com rosto humano”, traduzo:
No mercado actual encontramos uma ampla gama de produtos privados da sua componente nociva: café sem cafeína, manteiga sem gordura, cerveja sem álcool. Que dizer do sexo virtual; da doutrina da guerra sem vítimas (no nosso campo, claro) de Colin Powel, que é uma guerra sem guerra; da redefinição actual da política como arte de administração técnica, que é uma política sem política? Tudo isso nos conduz ao tolerante multiculturalismo liberal, que é uma experiência do Outro privado da sua outridade: um Outro descafeinado (…)
Indo um pouco mais atrás para captar o fio da meada:
O Outro comporta-se bem sempre que a sua presença não seja molesta, sempre que não seja realmente um Outro. Na realidade, o meu dever de tolerância para com o outro significa que não devo acercar-me demasiado dele, meter-me no seu espaço. Na sociedade capitalista tardia o direito humano que se vai tornando cada vez mais essencial é o direito a não ser acossado: a manter-se a uma distância prudente dos demais.





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