08 julho 2011

 

A carnificina



O lixo produzido pelas agências de rating está a tornar-se cada vez mais tóxico e ostensivo. São elas que açulam os chamados mercados internacionais de capitais, alimentando-lhes a febre e o nervosismo e incentivando-lhes a rapacidade com que vão devorando economias de países em dificuldade, a benefício de capitalistas sem escrúpulos.
Esta criminosa actividade já há muito foi detectada, mas ninguém lhe põe cobro. Pelo contrário, as próprias vítimas pagam-lhes para elas prosseguirem o seu bandoleirismo internacional, por cima e à margem de qualquer forma de legitimidade democrática. Limitam-se a esboçar uns queixumes, uns lamentos, uns arrufos, ao mesmo tempo que lhes vão pedindo o favorzinho de não serem tão impiedosas, tão mazinhas, e de darem uma pequenina atenção ao esforço que estão a fazer para acalmarem os mercados, que elas vão atiçando.
O nosso novo governo até foi ao ponto de antecipar e agravar os sacrifícios prescritos como receita pela troika, fazendo-os recair sobre quem deve ser sacrificado no altar do capitalismo financeiro global. As piedosas intenções e o denodo sacrificial foram gorados praticamente à nascença. As agências de rating atiraram tudo para o lixo e os mercados internacionais, seguindo na peugada sanguinolenta, querem, naturalmente, mais carnificina.
Será que, ainda assim, se vai persistir nesta corrida suicida?





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