25 maio 2014
O grande vencedor das eleições
O grande vencedor das eleições
europeias foi a abstenção.
Que outra coisa seria de esperar,
se a União Europeia é tão escassa em democracia e nunca fomentou
verdadeiramente um processo democrático? Se a maior parte das decisões mais
relevantes têm sido tomadas nas costas dos cidadãos europeus? Se os principais
dirigentes da União têm demonstrado tanto medo do voto popular, sonegando-o o mais
que podem, a pretexto da tecinicidade das matérias, despolitizando-as?
Que outra coisa seria de esperar,
se os pequenos países como Portugal, os países periféricos, pouco contam na
estrutura da União? Se a União é, actualmente, o produto de um quase “diktat”
do país que, para ser domado (ou, para empregar uma linguagem mais suave, “para
ser integrado num bloco pacífico”) mais determinou os fundadores da mesma União
a criá-la?
Que outra coisa seria de esperar,
se a União Europeia é uma real desunião de Estados, cada qual deles lutando
pelos seus interesses egoístas e adoptando como lema de fachada a consigna da
solidariedade?
Que outra coisa seria de esperar,
se os países que se armam de “os bons da Europa” tanto causticaram os países
periféricos, como Portugal, esmagando-os sob o peso de uma austeridade férrea,
ainda por cima com o sobranceiro pretexto moralista de viverem acima das suas
possibilidades?
Que outra coisa seria de esperar,
se a política caseira tem sido de apoio
férreo a essa férrea austeridade que nos impuseram os nossos aliados credores e
se grande parte das pessoas não enxerga alternativa viável para esta deprimente
situação?
A abstenção é uma tomada de
posição. Aparentemente, corresponde a uma despolitização ou falta de interesse,
mas há responsáveis por isso, tanto na chamada União, como aqui.