16 março 2015

 

Nós e a Grécia


 

Também foram  figurantes dos dois países ibéricos que pretenderam um endurecimento dos países da União Europeia e, nomeadamente, da Alemanha, face à Grécia. Isso mesmo foi reconhecido pelo presidente da Comissão, embora este ilibasse aqueles figurantes de pretenderem derrubar o governo grego. Foi, justamente, essa atitude que deu causa à ideia que tem circulado de que há quem seja mais alemão do que a própria Alemanha. O mesmo Junker a expressou. Tem sido, aliás, muito notada a forma como os nossos representantes parecem esquivar-se a qualquer encontro directo com o ministro grego das Finanças, pese embora a afabilidade com que este aborda  todos os intervenientes nas reuniões entre membros dos diversos países pertencentes à União.  

É como se o governo grego tivesse peste e devesse ser colocado à distância sanitária conveniente. Pior do que isso: devesse ser alvo de uma humilhação estigmatizante, protagonizada por certos responsáveis europeus, com destaque para o inevitável Shauble e, pelos vistos, com particular acento, pelos seus acólitos ibéricos, entre alguns outros.

Todavia, é, se não me engano, o exemplo grego de contestar o caminho da austeridade imposta pelos actuais big bosses europeus e a assunção de uma verticalidade que parecia arredada do comportamento de pequenos países periféricos como o nosso, que tem levado o nosso actual governo, nos últimos dias, a engrossar a voz face às exigências do FMI, classificando-as (vejam a ousada linguagem psiquiátrica) de sindrome de abstinência, bem como a ter uma certa displicência para com as recomendações da Comissão, cujo vice-presidente acaba de vir solicitar por favor ao Governo português para fazer as reformas estruturais que se impõem (isto é, o aprofundamento da via de desbaste do Estado Social). Sim, não é só a proximidade das eleições e o facto de ter sido concluído formalmente o chamado processo de ajustamento que leva a esse comportamento tão cioso da sua independência.





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