12 julho 2016
Campeões
Eu não sou nada do
futebol, mas vi todos os desafios e vibrei com eles e descobri que o futebol
não merece o desamor que eu sempre lhe votei. Pelo menos, quando estão em causa
campeonatos entre países. Neste caso, o futebol adquire uma dimensão simbólica
que atinge fatalmente o sentimento nacional e mesmo patriótico. É todo um povo
que se identifica com a respectiva selecção, decepcionando-se com os seus
fracassos e vibrando com os seus êxitos.
O futebol é guerra
sublimada. Quando se ganha, é o orgulho de um povo que emerge, o ego colectivo
que se levanta; quando se perde, é a humilhação que deita por terra o seu ânimo
e o fere no seu sentimento de pertença a
uma colectividade. Não foi por acaso que os franceses não foram capazes de
iluminar a Torre Eiffel com as cores de Portugal, um pequeno país periférico
que se fartou de exportar mão-de-obra para França e de expor os seus nacionais
a duras condições de vida, nos chamados “bidonvilles”.
A vitória de Portugal
representa, por isso, um feito notável que confere ao país uma visibilidade que
muito o prestigia, como assinalou o primeiro-ministro António Costa, e que pode
incentivar o nosso brio colectivo. Porém, o que irrita é esta tagarelice pegada
sobre o futebol nos “media”, esta histeria nacionalista e este descambar para a
automitificação. Já há quem nos considere uma “potência do futebol”. Nem mais. Somos
uma potência no domínio da bola.