10 julho 2016
O relatório britânico
Um dos acontecimentos
mais relevantes desta semana foi a divulgação do resultado a que chegou a
comissão de inquérito à decisão de Toni Blair de se envolver na invasão do
Iraque. Treze anos depois desse acto monstruoso, que inaugurou um período negro
de destruição e morte para todo um povo, de infernização para toda uma região e
de recrudescimento do terrorismo global, que agrava não só a estabilidade do
Médio Oriente, como também constitui uma ameaça à paz em várias zonas do globo,
ficou assente em bases credíveis, que não apenas no domínio da especulação, o
carácter voluntarioso e fraudulento, por parte dos principais responsáveis -
Georges W. Bush e Toni Blair -, da invasão.
O julgamento da
História já começou com este relatório da referida comissão, mas os
responsáveis escapam a um julgamento judicial, que era o que devia acontecer se
os tribunais internacionais para julgarem actos desta natureza não fossem
constituídos apenas para afirmarem o poderio dos vencedores sobre os vencidos e
dos mais fortes sobre os mais fracos. Que Toni Blair, reagindo sobre o
relatório, tenha dito, para além de outras coisas em sua defesa, que o Iraque
ficou melhor sem Sadam, só releva ou de má-fé ou de total cegueira.
Quanto às figuras
secundárias da Península - José Maria Aznar e Durão Barroso-, aparentemente eles
foram coniventes dessa guerra sem fim, a não ser que, como aventou um bem
intencionado jornalista que eu ouvi na rádio, eles tenham sido convencidos da
iminência dela, por lhes terem sido mostradas provas falsificadas. Nesse caso,
eles terão sido o D. Quixote e o Sancho Pança ibéricos, instrumentalizados para
caucionarem a guerra com a falsa visão dos seus nobres objectivos, os quais
resultaram nos moinhos-de-vento da total ausência de armas químicas e
biológicas, contra que investiram ingenuamente. Pobres deles!