07 fevereiro 2007

 

A quem dói mais?

No últimos dias, a campanha do "não" tem acelerado em dramatização, mas com um toque "científico". Vêm médicos, embriologistas e cientistas garantir que um feto de 10 semanas é já um homenzinho (ou mulherzinha), com o coração a bater, já muito senhor de si e, supremo argumento, já capaz de sentir a dor. Uma dor que não pode verbalizar, mas para isso estão aí os defensores do "não", que são os porta-vozes dos fetos sem voz mas com dor.
E a mulher que pretende interromper a gravidez, essa não é sensível à dor? A obrigação de "aguentar" uma gravidez não desejada não provoca dor? Uma gravidez e a subsequente maternidade imposta contra a sua vontade não são uma violência dolorosa?
É claro que se poderá responder que a mulher é a culpada: se engravidou foi porque quis! Mais soezmente dir-se-á: gozou, agora que sofra as consequências da libertinagem. Que expie o pecado! Porque o desejo sexual na mulher é pecaminoso; e a gravidez é o castigo!
Por isso a dor da mulher é irrelevante. Ou melhor: é relevante como punição!





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