03 fevereiro 2007

 

Os fetos de Bagão

Pegando no tema dos “fetos deserdados” abordado por Maia Costa, eu gostava de dar o meu contributo para a incongruência apontada por Bagão Félix. A meu ver não há incongruência nenhuma. Será que, havendo a perspectiva de um bom testamento para o nascituro, uma mãe será tão cruel que vá privar o embrião que traz dentro de si de vir a nascer e tornar-se, ipso facto, senhor dos bens que com tanto carinho lhe foram destinados por disposição testamentária, livrando-se do pobre embrião logo às primeiras semanas? Será que mãe alguma é capaz de espezinhar o direito desse embrião a entrar na posse dos bens e vir a gozar-se deles? Eu não conheço mães assim desnaturadas. É uma incongruência de tal maneira monstruosa, que dificilmente se concebe na prática. Ninguém priva um hipotético filho seu do direito de vir a ser alguém, com bens patrimoniais já preparadinhos para o feliz dia em que ele venha ao mundo. Isso, não. Por aqui o Não está garantido de certeza. E o Código Civil também. Bagão Félix escusa de se preocupar. Não é só um coração que bate; é a grande força tilintante da pecúnia que chama o embrião para um futuro risonho. Assim cantassem os amanhãs de todos os fetos.





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