14 março 2007
O julgamento do major
O major Valentim Loureiro teve um desabafo magoado: não é compreendido pelos tribunais. Ao longo deste tempo em que em que se tem visto envolvido em processos por vários crimes, nomeadamente por corrupção desportiva, ele não tem feito outra coisa senão tentar convencer os juízes de uma coisa que nem sequer precisava de demonstração, por evidente: a sua inocência. E, para além de evidente, presumida legalmente. Ora, todo esse esforço – confessa-o agora o major com enorme desalento – tem sido baldado. Por isso, o major manifestou agora uma aspiração heróica: ser julgado na televisão. Nada mais. Arrostar com os holofotes da publicidade mediática, levando para os estúdios advogados, juízes (não sei se os mesmos que são incapazes de compreender, se outros, mas presumo que sejam juízes como aqueles que costumam aparecer nos mais variados concursos, desde o tango ao orangotango, e onde aparece gente representativa dos estratos mais exóticos da sociedade portuguesa), testemunhas, etc. No final desta espécie de “reality show”, o major, de baraço ao pescoço, como o bom e leal Egas Moniz, submeter-se-ia ao veredicto popular, não só dos juízes em cena, mas também, certamente, do grande público, que, como é prática na televisão por ocasião dos grandes eventos nacionais, como o festival da canção, poderia votar por telefone.
Poder-se-ia conceber julgamento mais democrático, mais limpo e mais isento? E, além disso, mais digno da boa-fé do major?
Poder-se-ia conceber julgamento mais democrático, mais limpo e mais isento? E, além disso, mais digno da boa-fé do major?