25 janeiro 2008

 

Pela boca morre (às vezes) o peixe

Como era de esperar, como se sabia que iria acontecer mais tarde ou mais cedo, Marinho deu asas à sua veia popularucha e resolveu fazer uma altissonante denúncia sobre corrupção em altos cargos do Estado. Mas agora ele não é apenas um comentador avulso de escândalos judiciais e outros que tais. Ele é o Bastonário dos Advogados e as suas palavras não podem ser simples desabafos ou comentários de rua, antes têm de se revestir da responsabilidade que o cargo institucional que ocupa impõe. Denunciar a verdade escondida é uma virtude, mandar bocas irresponsáveis é outra. Agora Marinho, o Bastonário, não vai poder responder como fazia o célebre Octávio Machado, quando dizia "vocês sabem do que eu estou a falar", quando lhe pediam para concretizar as suas múltiplas denúncias no futebol, sem nunca na verdade ter dito nada de concreto; Marinho vai ter que dizer do que estava a falar quando falou...
De qualquer forma ganhou um novo interesse institucional e mediático a próxima sessão de abertura do ano judicial no STJ. O que terá a dizer o Bastonário sobre uma questão tão decisiva? Vai calar-se, ali mesmo onde se prestam anualmente contas ao povo e onde ele pela primeira vez participa e onde lhe é dada uma soberana oportunidade de dizer a verdade cara a cara aos mais altos representantes dos poderes constituídos? Se persistir na sua "denúncia", como será a reacção dos outros oradores? Mesmo que ele se cale, a sua denúncia de hoje poderá ser escamoteada e ignorada?
Enfim, dúvidas e interrogações. O que acontecerá de facto? Alguém quer fazer apostas?
Eu talvez aposte que o silêncio reinará sobre tal assunto. Mas pode ser que me engane.





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