19 junho 2008

 

Memória e Património.

Ainda que, na realidade, não me suscite especial desalento, do ponto de vista da memória comum, a circunstância de o edifício onde se mostra instalado o Tribunal da Boa-Hora vir a ser, em breve, transmutado em hotel de charme (atendendo desde logo a outras transformações muito mais inusitadas), admito a minha simpatia pela preservação no espaço colectivo de locais que, marcantemente, espelhem “(...) o imenso património que herdámos (...)”. Por isso, tendo a subscrever as preocupações aqui manifestadas acerca desta matéria.
Parece-me porém que, ainda que meritório, não é bastante para a inscrição na memória histórica, o mero recurso a expedientes lúdico- memoriais de preservação de específicos espaços. Mais premente (e seguramente mais eficaz neste aspecto) seria um real compromisso político com os valores democráticos que informam a vivência contemporânea portuguesa e a assunção da história com todos os seus significados e contextos, que determinasse, por exemplo, e face a um expresso requerimento de exigência e rigor, uma inequívoca explicação justificativa do erro (admitindo eu serenamente que o mesmo não revela uma particular vinculação ideológica) de designar o dia 10 de Junho de 2008 como o dia da raça.
Talvez assim tal imenso património se transforme, efectivamente, “(...) num verdadeiro instrumento ao serviço do progresso e da prosperidade do nosso povo (...)”.





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