05 outubro 2008
Portugal Hoje - O Medo de Existir
O autor de Portugal Hoje – O Medo de Existir – o filósofo José Gil, prossegue nas suas análises sobre o que designa de não-inscrição «como o factor mais importante para o que podemos chamar a estagnação da democracia em Portugal» (p. 43 da ob cit.). Num artigo assinado na revista Visão do passado dia 2 de Outubro – “A domesticação da sociedade” – a propósito do grupo dos professores, que toma como emblemático, e das suas lutas e da forma como o governo lhes tem respondido, «ausentando-se da contenda, tornando-se ausente», pendurando o adversário «num limbo irreal», volta a falar de «técnica de não-inscrição» Diz: «Ao separar os meios do alvo, faz-se do protesto uma brincadeira de crianças, uma não-acção, uma acção não performativa. Esta reduz-se a um puro discurso contestatário, esvaziado do conteúdo real a que reenviava (é o avesso, no plano da acção, do enunciado performativo de Austin: um acto que é um discurso). Resultado: o professor volta à escola, encontra a mesma realidade, mas sofre um embate muito maior. É essa a força da realidade. É essa a realidade única. E é preciso ser realista. Assim começa a interiorização da obediência (e, um dia, do amor à servidão)».
O artigo termina com palavras terríveis:
«No processo de domesticação da sociedade, a teimosia do primeiro-ministro e da sua ministra da Educação representam muito mais do que simples traços psicológicos. São técnicas terríveis de dominação, de castração e de esmagamento, e de fabricação de subjectividades obedientes. Conviria chamar a este mecanismo tão eficaz, «a desactivação da acção». É a não-inscrição elevada ao estatuto sofisticado de uma técnica politica, à maneira de certos processos psicóticos».
Provavelmente, desde o “25 de Abril”, nunca se escreveram palavras tão duras a respeito de governantes em exercício.
O artigo termina com palavras terríveis:
«No processo de domesticação da sociedade, a teimosia do primeiro-ministro e da sua ministra da Educação representam muito mais do que simples traços psicológicos. São técnicas terríveis de dominação, de castração e de esmagamento, e de fabricação de subjectividades obedientes. Conviria chamar a este mecanismo tão eficaz, «a desactivação da acção». É a não-inscrição elevada ao estatuto sofisticado de uma técnica politica, à maneira de certos processos psicóticos».
Provavelmente, desde o “25 de Abril”, nunca se escreveram palavras tão duras a respeito de governantes em exercício.