19 maio 2009

 

As comissões militares de Obama

Afinal Obama não é contra as comissões militares. Até votou a favor delas em 2006, quando Bush teve que recorrer ao Congresso para suprir a inconstitucionalidade orgânica das primeiras comissões que ele próprio instituíra. Aliás Obama lembra que as comissões militares têm uma "longa tradição" nos EUA.
Portanto, meus amigos, esqueçamos tudo quanto ele disse anteriormente, como candidato presidencial e como presidente, quanto às comissões. Agora o que é preciso é "recauchutá-las", dar algumas garantias aos prisioneiros e pô-las a funcionar para "julgar" os mais perigosos, pois seria arriscado submetê-los a um tribunal comum, que poderia mostrar-se pouco "compreensivo" com as necessidades de "segurança nacional" e atender antes às regras da prova e eventualmente absolver o arguido, resultado absolutamente impensável, porque quem for submetido a julgamento é para ser condenado!
Aliás, alguns dos prisioneiros, entre os quais o célebre Khaled Sheik Mohammed, o campeão mundial de "waterboarding", provavelmente nem às comissões militares irão. Provavelmente ficarão presos até ao fim da guerra contra o terrorismo, lá para o final do 3º milénio...
Depois de um começo brilhante e auspicioso, a 22 de Janeiro, com a declaração formal da ordem de encerramento de Guantánamo no prazo de um ano, Obama afunda-se em contradições. Fecha, mas não fecha, suspende as comissões, mas remodela-as, liberta, mas não liberta ninguém afinal. A CIA já obteve garantias de impunidade total. Rumsfeld e companhia também. As novas fotografias de Abu Ghraib, já não as quer mostrar, porque podem "incendiar os teatros de guerra"...
Mas quantos se preocupam com tudo isto? Pois não é verdade que ele condenou Guantánamo ao encerramento? Se fecha ou não é uma questão de pormenor, que só os mal intencionados colocam.





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