19 janeiro 2010
Regresso ao passado no Chile
É no mínimo inquietante, mas também intrigante, que o Chile, após 20 anos de governos do centro-esquerda após a reinstauração da democracia, eleja agora um homem de direita, que, embora não tenha estado, ao que parece, organicamente ligado à ditadura militar, nunca a combateu nem sequer a repudiou.
É inquietante porque os demónios do passado não estarão ainda completamente extintos. Prova disso é o aparecimento de fotos de Pinochet nas manifestações de apoio ao presidente eleito.
E intrigante porque a presidente cessante, de esquerda moderada, e antiga resistente, tinha uma popularidade de 80%, que a reelegeria facilmente se pudesse candidatar-se...
Contradições e mistérios de um país que Isabel Allende retratou de forma admirável em "O meu país inventado".
Valha-nos que Michelle Bachelet teve ainda tempo de inaugurar o Mudeu da Resistência que perpetua a memória dos crimes da ditadura. Chegará para exorcizar os tais demónios? Certamente que não...
Claro que no vencedor não votou só a direita clássica, moderada ou totalitária. Votou muita gente que vê nele o típico representante do "homem de sucesso" dos tempos de hoje, o milionário que consta da lista dos mais ricos do mundo, que tem um canal de TV e mais não sei quantos meios de manipular a opinião pública, uma espécie de Berlusconi do Pacífico. E esse é o maior perigo, a existência de uma vasta faixa de eleitorado que desconhece o passado e se vê apenas no sucesso mediático como modelo de vida, e que fica prisioneiro de mitos e indiferente a ideias ou programas.
É inquietante porque os demónios do passado não estarão ainda completamente extintos. Prova disso é o aparecimento de fotos de Pinochet nas manifestações de apoio ao presidente eleito.
E intrigante porque a presidente cessante, de esquerda moderada, e antiga resistente, tinha uma popularidade de 80%, que a reelegeria facilmente se pudesse candidatar-se...
Contradições e mistérios de um país que Isabel Allende retratou de forma admirável em "O meu país inventado".
Valha-nos que Michelle Bachelet teve ainda tempo de inaugurar o Mudeu da Resistência que perpetua a memória dos crimes da ditadura. Chegará para exorcizar os tais demónios? Certamente que não...
Claro que no vencedor não votou só a direita clássica, moderada ou totalitária. Votou muita gente que vê nele o típico representante do "homem de sucesso" dos tempos de hoje, o milionário que consta da lista dos mais ricos do mundo, que tem um canal de TV e mais não sei quantos meios de manipular a opinião pública, uma espécie de Berlusconi do Pacífico. E esse é o maior perigo, a existência de uma vasta faixa de eleitorado que desconhece o passado e se vê apenas no sucesso mediático como modelo de vida, e que fica prisioneiro de mitos e indiferente a ideias ou programas.