17 março 2010

 

Debate interno

O Dr. Mário Soares chamou a atenção para a necessidade de debate interno dentro do PS e logo alguns militantes, conotados com a ala esquerda do partido, secundaram o ex-presidente da República. Foi como se tivessem acordado de um sono letárgico. É isso que é intrigante. Não terem eles próprios tomado a iniciativa. Porque, se há ausência de debate interno, a coisa é grave num partido cujo lema histórico é o de ser campeão das liberdades e cujo orgulho, insistentemente realçado, é o de ser um partido verdadeiramente pluralista, acolhendo fraternalmente diversas correntes de opinião. Mas então por que se não levantaram antes esses militantes que reconhecem haver carência de debate interno? Por é que só agora o fazem, timidamente e na sequência de um apelo de um velho e qualificado dirigente, que é, historicamente, o próprio rosto do PS ( ainda o é, penso, pelo menos simbolicamente)?
Há uma explicação: Mário Soares age como um senhor que nada teme, nem nada tem a perder. Antes pelo contrário: capitaliza em seu proveito (sempre simbólico) o gesto soberano de reivindicar o debate interno para o seu velho partido, tão desfigurado e tão arredado já de qualquer veleidade socialista. Ao contrário dele, os militantes em exercício, políticos que, na maior parte, não sabem, nem têm possibilidade de viver fora da política activa ou sem ser à sombra do partido, têm medo de perder o lugar.
Se esta hipótese tiver alguma verosimilhança, é caso para dizer que o PS precisa mesmo de ser renovado.





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