12 setembro 2010

 

Contra a corrupção, marchar, marchar (daqui a seis meses)

Já saiu o "pacote legislativo" contra a corrupção. É a Lei nº 32/2010, de 2-9, a 25ª alteração ao CP.
De destacar dois novos crimes: o de "recebimento indevido de vantagem" e o de "violação de regras urbanísicas". O primeiro é o da criminalização das "prendas" aos funcionários. Mas atenção: excluem-se as "condutas socialmente adequadas e conformes aos usos e costumes". Tudo dependerá, portanto, dos usos e costumes... Dos bons costumes, penso eu.
O outro crime pune, em resumo, os autores de obras em desconformidade com as "normas urbanísticas aplicáveis", bem como os funcionários que as autorizarem. Claramente uma norma penal em branco... Mas as intenções do legislador são boas e os princípios penais que vão para as urtigas.
A propósito deste "pacote", em que a AR se empenhou a fundo, vale a pena fazer a seguinte citação do livro "Corrupción en la España democrática" (1997) de Alejandro Nieto, professor na Universidade Complutense de Madrid: "Cuando se habla de esta lucha, lo primero en que se piensa es en el Código penal, que representa algo así como termómetro del celo estatal. En tiempos de turbulencia, cuando proliferan los escandalos, la primera reacción de los gobiernos es presentar a las Cortes un proyecto de ley en la que se amplían los tipos delictivos y se agravan las penas. Cuando el nuevo texto se publica en el Boletín Oficial del Estado parece que ya está todo —o casi todo— hecho y el poder ha salvado su imagen. La diligencia de las Cortes no acaba, sin embargo, aquí: también se constituyen en su seno comisiones parlamentarias de investigación, cuya creación y desarrollo no suelen ser pacíficos, como veremos muy pronto. A diferencia de lo que sucede en la elaboración de las reformas legales —en las que reina una concordia admirable y los partidos se emulan en expresiones de dureza—, aquí se enfrentan inevitablemente dado que las comisiones, por definición, buscan víctimas que han de pertenecer a algún partido concreto y a éste importa mucho amparar a los suyos aunque sólo sea en interés propio para evitar el desprestigio político que de otra suerte había de salpicarle." Etc., etc., etc.
Portanto, está salva a imagem do convento (de São Bento). Se a aplicação da lei não correr bem, a culpa não será certamente do santo.
De qualquer forma, não deixa de ser estranho que a lei só entre em vigor daqui a 180 dias (recorde-se que a vacatio da revisão do CP de 2007 foi de 15 dias!).
Enfim, uma última oportunidade concedida aos corruptos...





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