24 junho 2011

 

Multidões

Antonio Negri deve andar eufórico com as multidões que têm aparecido nas ruas de Espanha, de Itália, de Portugal. Parecem confirmar as suas teses da multidão inorgânica como agente de ruptura política, se não mesmo como protagonista da revolução.
Teremos então aí uma nova classe revolucionária? Ao menos um actor novo na cena política, capaz de provocar mudanças mais ou menos profundas nas nossas bloqueadas democracias?
Tenho muitas dúvidas... É certo que estas multidões súbitas são algo de novo. Mas são mais um sintoma (de mal-estar) do que um agente de mudança. É que sem programa político, pelo menos isso, não se vai a lado nenhum.
Onde estão as enormes multidões do nosso 12 de Março? Em quem votaram em 5 de Junho? Se votaram, não foi na esquerda...
Depois desse abalo, aliás muito acarinhado pela comunicação social, que despreza as manifestações "tradicionais", temos hoje o governo mais à direita desde 1974.
Provavelmente, daqui a uns meses teremos aí nas ruas as mesmas multidões desiludidas... Provavelmente com o mesmo vazio de consequências...
O "sintoma" manter-se-á enquanto não aparecer o meio de o transformar em oganização, programa e acção.





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