29 outubro 2011

 

Cortar na despesa

No meu «post» precedente, mencionei que «menos Estado», nos tempos que correm, é cortar nas despesas, mesmo básicas, e vender património ao desbarato (isto é, pôr a saldo as empresas públicas). Trata-se de uma fórmula sintética. Nas despesas podia ter dito, entre muitas outras coisas, saúde, educação, cultura, prestações sociais, serviço público de televisão, pensões de reforma, vencimentos dos funcionários públicos, incluindo, este ano, o corte parcial e, posteriormente, a supressão dos subsídios de férias e de Natal, não se sabendo bem, no diz hoje uma coisa e amanhã outra de que se vai tecendo o estilo de governação que nos vai regendo, se só nos anos de 2012 e 2013, se definitivamente. Parece que as coisas se vão preparando para que seja em definitivo, a avaliar pelo que vai dizendo o ministro Miguel Relvas, depois do que disse o ministro Vítor Gaspar, pois, segundo aquele, há países de nomes sonoros, como a Holanda, a Inglaterra e a Noruega que só pagam doze vencimentos, pelo que se presume que isso não deve representar nenhum drama, não se sabendo bem, contudo, se «definitivo» quer dizer diluir aqueles subsídios por 12 meses, como disse, por seu turno, o primeiro ministro, ou acabar mesmo com eles sem diluição de nenhuma espécie, ou se, no caso de diluição, eles vão entrar por inteiro, fatiados em doze prestações, ou se vão entrar apenas em parte, como disse não sei quem.
Certo, certo é que os funcionários públicos têm a categoria de «despesa». Havendo uma grande polémica à volta do que é despesa e do que é receita, porque desse magno problema deriva toda uma filosofia política, parece que os grandes cérebros não têm dúvida de que os funcionários públicos são «despesa». E, sendo «despesa», coitados deles!, têm que ser cortados ou amputados, ou suprimidos. Em suma, têm que ser cortados para já. Como diz Vasco Pulido Valente, na sua crónica de ontem no Público: «A única solução, como insinuou delicadamente Medina Carreira, estava em, pouco a pouco, tornar a situação de funcionário público mais desagradável (…)»
O que tem mais piada no caso é a delicadeza da insinuação.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)