14 dezembro 2012

 

A descoberto


 

Personalidades  de várias sensibilidades ideológicas têm afirmado nos últimos dias que o que se está a passar no nosso país é a transição para uma realidade outra, sem caução constitucional. O constitucionalista Jorge Miranda diz que é o Estado social que está em risco, defendendo a fiscalização preventiva do orçamento para 2013. Gomes Canotilho, por seu turno, afirmou que se está em vias de criar uma outra realidade à margem da Constituição e que o orçamento representa um confisco para uma grande parte dos portugueses. Mário Soares teceu duras críticas à política que tem vindo a ser seguida, caracterizada por um retrocesso sem precedentes, em que muitos portugueses estão a cair em situação de carência, em muitos aspectos pior do que antes do “25 de Abril”.

São afirmações que não têm nada de inédito, porque têm andado na boca de milhares de portugueses que se manifestam nas ruas e que se ouvem diariamente nos mais variados  locais. A citação daquelas personalidades tem apenas o condão de conferir autoridade ao que anda na boca de muita gente.

A última novidade é as indemnizações por despedimento irem ser baixadas para um limite de 12 dias por cada ano de antiguidade. A destruição dos direitos sociais, nomeadamente dos trabalhadores, não tem fim. Depois de ter sido completamente desfigurada, a legislação laboral continua a ser alvo predilecto desta política. São os chamados “custos do trabalho”, (linguagem economicista que desmascara a ideologia que lhe subjaz) que se pretendem reduzir ao mínimo e, se possível fosse, levá-los até ao zero.

Trabalhadores e classes médias não cessam de estar na berlinda.

Trata-se de uma política que não só ultrapassa limites constitucionais, como não foi sufragada nas eleições.





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