28 agosto 2014
As imagens terríveis deste Verão
São terríveis as
imagens que ficam deste Verão tíbio.
A Faixa de Gaza
reduzida a escombros pelos bombardeamentos sistemáticos de Israel: casas
escalavradas, hospitais atingidos, escolas protegidas pela ONU, onde se
acoitavam refugiados, atacadas, centros vitais destruídos. Montões de pedra,
ruínas fumegantes, crianças entre destroços, pessoas chorando os seus mortos.
Uma carnificina levada a cabo pelos falcões de Israel, com o objectivo de
dizimar os palestinianos da Faixa de Gaza. O Hamas não é uma organização com a
qual se simpatize e tem culpas no cartório, provocando, mesmo sabendo que a
reacção vai ser brutal e pesada para o seu povo, possivelmente instrumentalizando
civis inocentes e jogando com a contabilidade das vítimas do seu lado, mais do
que as que é capaz de produzir do outro lado, mas a resposta israelita é brutal
e não olha a meios.
A guerra na Ucrânia,
outro foco de violência, com uma aeronave da Malasian Airways abatida,
provavelmente pelas forças chamadas rebeldes, mas não sendo admitida por
nenhuma delas, causando centenas de mortes de pessoas inocentes. Isto para além
das mortes nas próprias fileiras, de um e outro lado, brutalidades,
desalojados, numa escalada de agressividade, que vai pondo em confronto, de
forma cada vez mais visível, os verdeiros contendores: a Federação Russa e a
União Europeia, com os inevitáveis Estados Unidos da América.
Os fundamentalistas do
Estado Islâmico do Iraque e do Levante, desalojando povos, perseguindo minorias
étnicas e religiosas, cometendo assassinatos em massa, praticando as mais
cruéis atrocidades, exercendo vindicta, instrumentalizando inocentes, em nome
de objectivos religiosos expansionistas que pretendem estabelecer um vasto
domínio territorial submetido à sua perigosa ideologia e à autoridade da sharia (lei religiosa como lei regente
da organização social e política), tal como eles, do seu particular ponto de
vista, a entendem, porque são várias as facções islâmicas que se digladiam.
Ainda a semana passada um
membro deste grupo tenebroso (ao que tudo indica, nascido na Inglaterra) apareceu
em imagens difundidas por todo o mundo vestido de negro, encapuzado, com dois
buracos para os olhos, empunhando um facalhão na mão esquerda e tendo à sua
direita, de joelhos, de cabeça rapada e envergando uma túnica alaranjada, o
jornalista norte-americano Jhon Folley (free
lancer), em cujo ombro apoiava a sua mão direita, perorando [o carniceiro] para
as câmaras, pronto a degolar o dito jornalista, em retaliação por os Estados
Unidos estarem a enviar armamento para o Iraque, para anularem as acções destes
loucos fanáticos, onde também se contam alguns milhares de jovens europeus, que
não encontram outros objectivos em que empregarem as suas tristes vidas.
Verdade que estes actores
brutais, descendentes da Al-Qaeda, são em grande parte produto de uma certa estratégia
ocidental e, particularmente, norte-americana, que começou na guerra do
Afganistão e continuou depois na Zagreb e no Iraque e noutras partes do mundo.
E já que falei no
Iraque, eis no que deu a invasão deste território em 2003, empreendida por Bush
filho e Tony Blair, entretanto convertido ao catolicismo, ao que dizem, tendo essa
invasão como pretexto motivações forjadas (não me refiro, evidentemente, ao
regime ditatorial de Saddam Hussein).
Lembram-se daquela cena
nos Açores com os quatro (Bush, Tony Blair, Durão Barroso e Aznar) posando para
a posteridade? Pois que bonita posteridade!