13 novembro 2017
O estranho caso do Panteão
O
jantar da Web Summit transformou-se num caso nacional, graças às
redes sociais.Os órgãos de comunicação social mais tradicionais
seguiram-lhe no encalço, como de costume. E toda a gente passou a
emitir opinião. Opinião que, diga-se, prima, quase sempre, pela
superficialidade e pela indigência. Representantes dos partidos da
oposição passaram a clamar contra o governo e exigiram cabeças O
primeiro-ministro, confrontado com o caso, disse, numa urgência de
reacção (agora que as reacções a quente e a frio são
cuidadosamente escrutinadas pelos “media”), que era
“absolutamenete indigno”. O presidente da República, por seu
turno, disse que era ofender a memória dos mortos.
Tanta
indignação para quê? Afinal, feita a história dos jantares e
almoços no Panteão, ficou a saber-se que este não foi o primeiro
caso. Já houve eventos semelhantes anteriormente, quer com este
governo, quer com os governos anteriores, tendo sido no governo de
Passos Coelho que essas situações foram regulamentadas.
E
mais se soube que tais eventos (não só jantares e almoços, mas
também de outra natureza) têm lugar no corpo central do Panteão e
não no espaço onde existem arcas tumulares com restos mortais,
espaço esse que fica vedado ao público. Qual é a indignidade,
senhores? Qual a ofensa? E ofensa a quem? Aos mortos? À sua
memória? Aos seus restos mortais? Há quem pense que estão lá
pessoas...
Vivemos
numa sociedade onde existe quase uma coacção dos “media”. A
mais pequena coisa é insuflada com ar e vento nos ditos “media”
e, com pouco mais, transforma-se numa tempestade, numa vozearia, num
tumulto. É-se coagido a reagir, a tomar posição. A quente.
Emotivamente. Sem distância. E, mais grave, sem informação.
Portanto, ignorantemente.