12 outubro 2018
YouToo
O movimento
MeToo chegou a Portugal e com a virulência que caracteriza a sua matriz
originária norteamericana.
Retomando o
que já aqui adiantou Artur Costa, afirmo sem rodeios que este movimento
feminista nada tem de libertador ou progressista, antes radica em preconceitos
e estereótipos conservadores e puritanos.
Desde logo,
a imagem do homem e da mulher de que parte. A mulher é um ser imaculado, inocente,
sincero, permanentemente sujeito às investidas perversas dos homens, desde a
mais tenra infância (desde o 1º ciclo, como lembra a investigadora do CES Ana
Cristina Santos no “Público” de hoje), os homens, esses seres pervertidos,
promíscuos, imundos, sempre a pensar no que está por baixo das saias das
mulheres…
Esta
conceção de mulheres e homens é profundamente conservadora, talvez se possa
mesmo dizer profundamente machista…
Contra o
género masculino, o MeToo português propõe-se criar um “exército de mulheres”,
um corpo militar coeso de mulheres violadas (o que não é difícil encontrar,
porque “uma em cada três mulheres foi vítima de pelo menos um ataque de
natureza sexual ao longo da vida”) e também de não violadas, porque “todas
incorporamos desconforto e violência” (vide o citado artigo).
Até ao
recrutamento do exército, o movimento opera pela denúncia aos tribunais de
todas as agressões sexuais sofridas por mulheres. Sabendo-se que os tribunais
estão repletos de homens tendencialmente violadores e de mulheres complacentes,
há que reorganizar os tribunais, ou seja, criar uma espécie autónoma de
tribunais especificamente para julgar os crimes sexuais, preenchidos somente com
mulheres (recrutadas a pente fino) e criar regras processuais especiais,
probatórias nomeadamente (a palavra da mulher nunca deve ser posta em causa, se
possível a inversão do ónus da prova).
Neste
ponto, o MeToo português tem como ponto de referência o admirável sistema penal
norteamericano, por exemplo: prisão perpétua para os violadores,
imprescritibilidade do direito de queixa das vítimas e das penas.
O
obscurantismo, o puritanismo, os preconceitos, a “caça às bruxas” estão de
regresso e disfarçam-se de luta libertadora…