03 maio 2006

 

Um 1º de Maio diferente nos EUA

12o anos depois do dia dos acontecimentos de Chicago que consagraram o 1º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores, estes voltaram às ruas de Chicago e de mais setenta cidades norte-americanas. Não já os operários em luta por melhores condições de trabalho. Mas sim os "clandestinos", os imigrantes ilegais, à procura de legalização e integração social, e concretamente contra a criminalização da imigração clandestina, já aprovada na Câmara de Deputados. Sendo os objectivos e os protagonistas diferentes, o sentido geral da luta é o mesmo.
Os EUA formaram-se e enriqueceram à custa da imigração. Da legal e da clandestina. Foi esta última que permitiu a existência permanente de um "exército de reserva" na época industrial, que constituiu um poderoso travão às lutas sindicais por melhores salários. Foi ela que nas últimas três ou quatro décadas manteve o dinamismo da economia, ao canalizar para as funções precárias e mal pagas, mas indispensáveis ao funcionamento da economia e da sociedade, os imigrantes ilegais, mão-de-obra não qualificada. Em suma, são as sucessivas levas de imigrantes clandestinos que, ocupando com "baixos custos" funções e lugares desprezados pelos "autóctones", têm evitado acelerações inflacionistas, e consequentemente constituíram-se como factor de crescimento económico. A criminalização da imigração clandestina (e a proposta de criação de um muro na fronteira com o México, projecto de um securitarismo delirante) é uma ingratidão e um erro económico. O patronato já o fez sentir e sabemos o peso que ele tem nos EUA.
A dimensão que o protesto assumiu mostrou bem o papel que os 13 milhões de imigrantes ilegais desempenham no país que os quer rejeitar e mostram a insensatez desse projecto.
É um aviso também para a Europa. Não é só absurdo pensar que é possível construir muros (reais ou virtuais) que paralisem as migrações, como a verdade, já sabida, é que precisamos dos imigrantes. O que seria hoje de nós, portugueses, se nos faltassem os imigrantes africanos e eslavos que nos procuram? Quem iria fazer o trabalho a que eles (e elas) se sujeitam? E com os salários e as condições em que trabalham?





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