19 janeiro 2007

 

Causalidade inadequada

O “estado da arte” em matéria de argumentos a favor da liberalização do aborto até às 10 semanas é o seguinte: o aborto clandestino gera corrupção. Nem mais: Co-rru-pção. Talvez tenha mesmo relações com os negócios obscuros do futebol e dos empreiteiros e com a actividade off shore. E é bem provável que na estratégia de prevenção da corrupção que se delineia a liberalização total do aborto (mesmo após as 10 semanas) surja como uma das medidas e com proeminência. Este argumento tipo “uma borboleta bate as asas em Portugal e dá-se um terramoto na Austrália” é mais um daqueles (como o “argumento” aborto = terrorismo ou o “argumento” de acordo com o qual os impostos dos do “Não” não podem pagar os abortos dos do “Sim”) que demonstra bem que, nesta questão, ninguém monopoliza o discurso radical. De qualquer forma, se fosse demonstrável uma relação relevante entre aborto e corrupção, talvez fosse o momento de liberalizar a venda de armas. Entraves a esse negócio, proporcionando a venda clandestina, só podem dar em corrupção…





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