02 julho 2007

 

A herança político-criminal de Blair já a conhecemos. E a de Sócrates?


Em matéria de política criminal o consulado de Blair - aquele de quem se diz ser o original de que Sócrates é ou pretende ser a cópia - inaugurou a chamada "Terceira Via" que não é mais do que tentativa de trazer para o discurso político-criminal da esquerda uma tónica - "duros com o crime" - que era própria da direita, juntando-a àquela que, desde sempre, vem caracterizando a postura da esquerda política nesta matéria - "duros com as causas do crime". Por isso, ou também por isso, o resultado foi uma expansão do direito penal sem precedentes no passado recente da Europa Ocidental (em muito pela consideração - errada - de que o direito penal é caminho eficaz e de primeira linha para salvaguarda do princípio da igualdade) e uma securitarização da vida pública que não conhece paralelo na história recente do nosso continente (lembre-se, tão só, o programa de videovigilância que se concretizou, de entre o mais, numa proliferação de câmaras nos lugares públicos à razão de uma por catorze habitantes!). O ar fresco, jovem e arejado de Blair não é de molde denunciar a muitos essa faceta da sua herança política. Mas há quem a denuncie e de modo muito pertinente. De Blair já sabemos, ao menos, o que nos legou. Se bem que quanto a Sócrates alguns prognósticos se pudessem alinhar desde já, prefiro fazer como um conhecido jogador de futebol e esperar pelo fim para ver qual a sua herança neste particular.





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