14 janeiro 2020

 

A sombra que perpassa sobre o mundo actual


Um dos aspectos mais chocantes do assassinato do general iraniano Qasem Soleimani mandado executar por Trump é a motivação que parece estar-lhe subjacente: o objectivo de desviar as atenções do processo de impeachment que presentemente está suspenso, antes de ser presente ao Senado para julgamento, aguardando a possibilidade de se produzirem testemunhos do pessoal da Casa Branca sabedor dos factos que desencadearam a investigação e que o próprio Trump interditou de depor, e a aproximação de eleições presidenciais, a realizarem-se no mês de Novembro, que o actual presidente pretende disputar, com vista a um segundo mandato. Foi, aliás, a pensar nelas que Trump se envolveu nos factos, inquestionavelmente condenáveis e suficientemente gravosos para merecerem uma destituição do cargo, que deram origem ao processo. Note-se que um dos desabafos do presidente logo a seguir ao assassinato, foi o de censurar a atitude daqueles congressistas (os democratas, evidentemente) que impulsionaram e pretendem prosseguir com o processo de impeachment: « Vejam bem», disse mais ou menos, «andam a discutir no Congresso uma coisa tão ridícula, e eu a braços com tão magno problema!».
Portanto, trata-se de uma reiteração de processos condenáveis, criminosos, o relativo à Ucrânia e este do assassinato, traduzido num verdadeiro acto de guerra levado a cabo sem consentimento do Congresso e envolvendo, por isso, a possibilidade de uma guerra de consequências incalculáveis, que para já parece arredada, e, no mínimo, um agravamento das condições explosivas que se vivem no Médio Oriente, tudo por simples manobra calculista e profundamente egoísta – a ideia de lançar uma nuvem sobre o processo de impeachment e de obter vantagem nas próximas eleições.
Assim está o mundo entregue à bicharada pelas mãos de homens pusilânimes e indecorosos como Trump e outros, à frente de nações poderosas, que se lhe equiparam nos lances criminosos e na falta de escrúpulos.





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