19 abril 2006

 

Ainda o mistério dos deputados desaparecidos

Sem querer de forma alguma alinhar na onda de demagogia populista que se abateu sobre a instituição parlamentar a propósito da falta de quorum no passado dia 12, alguns aspectos são intrigantes e aqui deixo as minhas perplexidades.
Não saberiam os faltosos que havia votações nesse dia? Cada um deles escondeu para si o "segredo"? As direcções dos grupos foram apanhadas de surpresa? Se sim, como é isso possível? Não há "culpa in vigilando"?
Independentemente das óbvias motivações pascais que levaram a grande maioria dos faltosos a ausentar-se, é evidente que este "desinteresse" pelos trabalhos parlamentares tem raízes na funcionamento da própria instituição, sobretudo nos seus grupos maiores (os da alternância). Nesses grupos há deputados de 1ª, de 2ª e de 3ª categorias: pertencem à primeira os que estão sentados sempre na primeira fila e que falam sobre todas as questões (são os "políticos"); seguem-se os que só falam sobre matérias técnicas (são os "técnicos"); por último, há os que servem para votar e que têm ainda o direito de, de vez em quando, falar das más estradas e de outras carências da sua região.
Tudo isto no quadro de um forte centralismo por parte das direcções parlamentares e de uma escassíssima autonomia individual, perante o partido e a direcção parlamentar, pelo menos na hora das votações.
Com tão apertado regime, o melhor é mesmo "tirar uns diazitos" de vez em quando.





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