27 junho 2008

 

Berlusconi e a comunhão

Não sei por que é que a hierarquia católica, com o aval de Bento XVI, se recusa tão obstinadamente a dar a comunhão a Berlusconi. E ele tão desejoso de se entranhar do corpo de Cristo! A princípio, na minha ingenuidade, ainda pensei que fosse por causa de negócios obscuros, defraudações do Estado, cujos interesses confunde com os da sua coutada privada, manipulações infames da justiça, criando leis para se eximir às suas próprias responsabilidades. Isto, sim, parecia constituir um sério óbice a que ele comungasse do corpo de Cristo, esse Cristo do Evangelho que pegou do azorrague e, com santa ira, expulsou os vendilhões do templo. Isto, sim, parecia constituir um sinal evidente, público e notório, de incompatibilidade com a ética cristã. Agora, recusar-lhe a comunhão por causa do divórcio!... Francamente, é uma decepção.
A hierarquia da Igreja Católica, com tal atitude, só mostra o seu impenitente desfasamento com o andar dos tempos. Considerar o casamento indissolúvel é tão arcaico como a proibição do uso da pílula ou do preservativo. E já não há ninguém que respeite essas posições em que a Igreja se entrincheira como num fortim medieval. Por outro lado, os valores éticos que hoje se impõem como prementes, nomeadamente os que dizem respeito à condução dos negócios públicos parecem ser muito menos valiosos do que o dogma do casamento como sacramento indissolúvel.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)