09 outubro 2008
Modelos sociais
Os argumentos contra o casamento homossexual começam a passar as fronteiras do ridículo. O futuro da sociedade ficará em perigo, por falta de "reposição geracional" (que expressão tão saborosa!), como apocalipticamente augura Rita Lobo Xavier? O casamento heterossexual é o "modelo social" único, como quer a mesma senhora?
Então, não é verdade que os homossexuais nunca contribuirão para a dita "reposição", quer lhes permitam que se casem, quer não?
Devem ser ostracizados por isso? Então e os solteiros? E os inférteis? E os casados sem filhos, por opção?
Há algum perigo de o casamento homossexual poder rivalizar, como "modelo social", com o casamento heterossexual? Vai haver mais homossexuais só por lhes ser permitido casar?
Aliás, há "modelos sociais" em democracia? O cidadão casado é melhor do que o solteiro? O cidadão com filhos é melhor do que o sem prole? O cidadão com dois filhos é melhor (por fazer uma melhor "reposição geracional") do que aquele que só tem um?
Tanta obsessão pelo "casal reprodutor" (expressão que roça a obscenidade) esquece que o ser humano é precisamente aquele que conseguiu separar o afecto da reprodução, que erigiu o amor como fim em si.
No fundo, é o Eros, enquanto energia sem destinação, energia pura que a si própria se destina e nela se consuma e se consome, que é repudiado por estes zeladores da moral pública.
Então, não é verdade que os homossexuais nunca contribuirão para a dita "reposição", quer lhes permitam que se casem, quer não?
Devem ser ostracizados por isso? Então e os solteiros? E os inférteis? E os casados sem filhos, por opção?
Há algum perigo de o casamento homossexual poder rivalizar, como "modelo social", com o casamento heterossexual? Vai haver mais homossexuais só por lhes ser permitido casar?
Aliás, há "modelos sociais" em democracia? O cidadão casado é melhor do que o solteiro? O cidadão com filhos é melhor do que o sem prole? O cidadão com dois filhos é melhor (por fazer uma melhor "reposição geracional") do que aquele que só tem um?
Tanta obsessão pelo "casal reprodutor" (expressão que roça a obscenidade) esquece que o ser humano é precisamente aquele que conseguiu separar o afecto da reprodução, que erigiu o amor como fim em si.
No fundo, é o Eros, enquanto energia sem destinação, energia pura que a si própria se destina e nela se consuma e se consome, que é repudiado por estes zeladores da moral pública.