31 janeiro 2010

 

A "lógica" do Sr. Bastonário


O corrente Bastonário da Ordem dos Advogados, cujas acções usam preceder o respectivo pensamento (quando não o dispensam), disse numa entrevista a propósito do processo Casa Pia, que “não conhecia os factos” mas que “o processo é político” desde o início. Disse, ainda, para espanto de qualquer criatura com dois neurónios e uma sinapse, que “havia culpados que não estavam lá e estava lá quem não era culpado”. E disse isso, note-se, sempre “sem conhecer os factos”. No seu monomaníaco afã de atingir à tort et à travers as magistraturas não se deu conta, o dr. Pinto, da ilogicidade de tal afirmação: como é que alguém pode conhecer algo que não conhece? Eis a vexata questão epistemológica que o dr. Pinto não esclarece.

Mas eu esclareço. Como todos já entenderam, ao Sr. Bastonário não importam os factos e muito menos a lógica. Ali porque, como qualquer pessoa que se vê progressivamente marginalizada, tende remeter-se a uma solitária e confrangedora atitude solipsista: o Mundo não é o que é; é apenas o que é ditado pelos estados de alma do Sr. Bastonário. Aqui, porque a lógica é, como se sabe, marca de contraste de verdadeiros juristas e o Sr. Bastonário não é Bastonário da Ordem dos Advogados, instituição mártir: ele apenas está Bastonário, pois nunca deixou de ser, nas intervenções e nos modos, jornalista, e jornalista de imprensa sensacionalista.

Quinquilharia populista, cegueira solipsista, furiosa hostilidade para com a judicatura e cepticismo ao ponto de nos fazer lembrar um Pangloss de pernas para o ar, eis os predicados deste bastonato.





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