11 março 2019

 

Discorrendo sobre "femicídio"


Ao ler o “post” de Maia Costa, lembrava-me de ter lido qualquer coisa sobre “femicídio”. Encontrei o sítio já há uns dias, mas só agora tenho disponibilidade para escrever. Vem no mensário Le Monde Diplomatique relativo ao mês de Janeiro. Trata-se de um texto de autoria de Carla Baptista, professora da Univeresidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, intitulado “Há um problema com a representação jornalística da violência doméstica”. Nesse texto, esclarece-se o seguinte:

...o termo femicídio [foi] originalmente introduzido em 1976 por Diana Russel, para enquadrar o crime numa estrutura social sexista e patriarcal. Ao contrário do que ainda ouvimos nas notícias, os crimes não acontecem por “ciúmes”, “alcoolismo”, “adultério”, “fim da relação” ou outros motivos que surgem associados. Acontecem porque as vítimas são mulheres e reproduzem de forma extrema assimetrias de poder e situações prevalecentes de desigualdade de género.

Portanto, o termo remete, na sua génese, para um contexto de violência de género. Se uma mulher é assassinada por outra mulher, parece que não será femicídio. E se for por um homem que assalta uma casa e mata, indiferentemente, o homem e a mulher que lá habitam, parece também que não há um femicídio e um homicídio. E se for uma mulher a matar a companheira com quem é casada, num contexto de violência doméstica?
O caso poderia ser diferente se se pretendesse criar um termo para o assassinato de mulheres distinto de “homicídio”, por uma razão também de género, mas com base na linguagem.






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