04 abril 2019
A família socialista
Também
fiquei perplexo com a teia de relações familiares que ligam vários
membros do Partido Socialista (PS) ao governo e a variadíssimos
cargos de relevo nas instâncias políticas nacionais e
internacionais, na Administração Pública e no próprio partido.
Quer dizer que, dentro da própria família socialista, existe um
círculo familiar mais restrito, composto por amigos e por membros
ligados entre si por relações de parentesco, os quais ocupam uma
parte considerável de cargos públicos de relevo.
É
evidente que uma tal constatação não pode deixar ninguém
indiferente (pelo menos, quem ainda tem algum pudor e sentido da
ética da política, da administração da coisa pública e da
democracia). A situação faz lembrar, por uma espécie de acto
reflexo,
os apparatchik,
os homens e as mulheres do aparelho estatal e partidário,
confundidos ambos. Quem pertence ao aparelho tem a enorme vantagem de
obter empregos e lugares para os cônjuges, os parentes e os amigos,
e de os deixar em herança a essas pessoas do seu círculo. Não digo
que todos aqueles que foram colocados nos diversos lugares onde se
encontram o tenham sido independentemente da sua competência, mas
temos de concordar que a base é estreita, provoca suspeitas, mina a
credibilidade dos políticos e das instituições democráticas.
Não
há dúvida de que o caso lança uma sombra negra sobre o governo,
embora haja muito oportunismo na forma como a situação foi
despoletada nos media,
em época eleitoral, e na forma como certos dirigentes partidários
da Oposição tentam cavalgar a onda. Para além de oportunista, esse
cavalgar a onda é hipócrita e os seus figurantes ou os partidos que
representam têm muitos rabos-de-palha,
como se costuma dizer.