29 dezembro 2006
Portugal-cigarra
Segundo um estudo da Direcção-Geral de Economia e Finanças da Comissão Europeia, divulgado pela imprensa, Portugal malbaratou as facilidades que lhe foram concedidas no âmbito do processo de convergência com os países da União Europeia. Em vez de aproveitar o impulso que lhe foi dado para desenvolver a sua economia, Portugal fez como a cigarra e deitou-se ao sol a cantarolar e a consumir alegremente as provisões que lhe vinham de fora, sem cuidar de se precaver contra a exaustão, num futuro próximo, dessas provisões. Enquanto a árvore das patacas foi pingando aos abanões sacudidos com que era agitada, o país foi mamando descuidada e irresponsavelmente. Depois, quando lhe disseram “Basta de forrobodó”, foi obrigado a pensar no buraco que foi cavando, e mais do que isso, foi-lhe intimado que o tapasse rápida e drasticamente. Então, foi o ai, Jesus!, é preciso apertar o cinto.
Este tipo de desastre não constitui nenhuma novidade histórica. Portugal é useiro e vezeiro neste tipo de comportamento. Já foi assim noutras situações de plétora. É uma tendência secular.
O mais digno de nota é que este descalabro actual tenha medrado fundamentalmente durante o consulado socialista de Guterres. Foi um tempo de vacas gordas em que toda a gente, na esfera pública e na esfera privada, viveu à larga e à francesa, alimentando o seu quotidiano de ilusões, que a partir dos finais da década precedente começaram a esvaziar-se como balões de oxigénio num fim de festa. Antes, já havia sido a desavergonhada cena das fraudes com os fundos comunitários (no consulado de Cavaco).
Que agora compita a outro governo socialista a espinhosa missão de pôr as finanças na ordem, eis o que não será épico por aí além, nem motivo para grande orgulho. Deveria, sim, ser motivo para maior humildade, senão para alguma contrição. Até porque muitos governantes actuais não estão isentos de responsabilidades pelo que se passou antes.
Este tipo de desastre não constitui nenhuma novidade histórica. Portugal é useiro e vezeiro neste tipo de comportamento. Já foi assim noutras situações de plétora. É uma tendência secular.
O mais digno de nota é que este descalabro actual tenha medrado fundamentalmente durante o consulado socialista de Guterres. Foi um tempo de vacas gordas em que toda a gente, na esfera pública e na esfera privada, viveu à larga e à francesa, alimentando o seu quotidiano de ilusões, que a partir dos finais da década precedente começaram a esvaziar-se como balões de oxigénio num fim de festa. Antes, já havia sido a desavergonhada cena das fraudes com os fundos comunitários (no consulado de Cavaco).
Que agora compita a outro governo socialista a espinhosa missão de pôr as finanças na ordem, eis o que não será épico por aí além, nem motivo para grande orgulho. Deveria, sim, ser motivo para maior humildade, senão para alguma contrição. Até porque muitos governantes actuais não estão isentos de responsabilidades pelo que se passou antes.